Enquanto boa parte dos brasileiros dá uma pausa para curtir o Carnaval, os impostos continuam a ser cobrados, e a bolada para o governo pode até aumentar. É o que aponta levantamento encomendado pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) ao Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT)
“Temos alguns produtos considerados supérfluos – com tributação elevada -, mas que no carnaval não podem faltar na cesta do folião, como bebida alcoólica. Costumo dizer que quanto mais o cidadão bebe, maior é o porre do governo em termos de arrecadação”, afirma Marcel Solimeo, economista da ACSP.
A tributação sobre bebida alcoólica está entre as mais elevadas. Quem compra uma caipirinha paga 76% do valor total em impostos federais, estaduais e municipais. A cerveja tem 42% de tributos embutidos no preço final e o chopinho, 62%. “A ressaca do consumidor também é no bolso”, diz Solimeo.
Mesmo quem não bebe acaba contribuindo com a folia arrecadatória. O refrigerante tem alíquota de 42% em tributos e a máscara de plástico, quase 44%. “Se fizer as contas, o samba pode atravessar”, diz Solimeo.
Para pensar após o Carnaval
Para o economista, os mais pobres são os que sofrem em demasia com a carga tributária sobre os bens de consumo: “gastam todo seu dinheiro nos produtos básicos para a sobrevivência.”
Na outra ponta, a camada mais rica gasta a maior parte do seu dinheiro em investimentos financeiros, que são pouco tributados em comparação aos bens de consumo. “E este é um fator que precisa ser trabalhado pelo governo através de uma Reforma Fiscal”, afirma Solimeo.
De acordo com o economista, quando o governo gasta errado ou mais do que deve, a sociedade é quem paga, seja com inflação, altas taxas de juros ou aumento da dívida pública.
“Mas se você pensar nos impostos e nas contas, acaba não aproveitando o Carnaval. Tudo tem seu tempo e sua hora”, alerta Solimeo. “Então, depois das festas, a discussão será as eleições municipais. E não só para prefeito, mas também para os vereadores que irão compor a zeladoria das cidades. Eles serão os responsáveis por decidir como os nossos impostos serão gastos”, completa o economista.
Confira a carga tributária sobre cada produto:
PRODUTOS DO CARNAVAL |
PIS |
COFINS |
ICMS |
IPI |
ISS |
OUTROS |
TOTAL |
caipirinha |
1,65% |
7,60% |
25% |
35% |
|
7,41% |
76,66% |
chope |
1,65% |
7,60% |
22% |
20% |
|
10,95% |
62,20% |
cerveja (lata ou garrafa) |
1,65% |
7,60% |
22% |
6% |
|
18,35% |
55,60% |
refrigerante em garrafa |
1,65% |
7,60% |
18% |
4% |
|
15,22% |
46,47% |
colar havaiano |
1,65% |
7,60% |
18% |
10% |
|
8,71% |
45,96% |
spray de espuma |
1,65% |
7,60% |
18% |
15% |
|
3,69% |
45,94% |
refrigerante em lata |
1,65% |
7,60% |
18% |
4% |
|
13,30% |
44,55% |
óculos de sol |
1,65% |
7,60% |
18% |
15% |
|
1,93% |
44,18% |
máscara de plástico |
1,65% |
7,60% |
18% |
12% |
|
4,68% |
43,93% |
confete/serpentina |
1,65% |
7,60% |
25% |
5% |
|
4,58% |
43,83% |
máscara de lantejoulas |
1,65% |
7,60% |
18% |
12% |
|
3,46% |
42,71% |
biquíni |
1,65% |
7,60% |
18% |
0 |
|
14,94% |
42,19% |
protetor solar |
1,65% |
7,60% |
25% |
0 |
|
7,49% |
41,74% |
cavaquinho |
1,65% |
7,60% |
18% |
0 |
|
11,08% |
38,33% |
bateria |
1,65% |
7,60% |
18% |
2% |
|
9,05% |
38,30% |
sorvete (massa ou picolé) |
1,65% |
7,60% |
18% |
5% |
|
5,73% |
37,98% |
pandeiro |
1,65% |
7,60% |
18% |
2% |
|
8,58% |
37,83% |
guarda-sol |
1,65% |
7,60% |
18% |
5% |
|
4,89% |
37,14% |
amendoim |
1,65% |
7,60% |
18% |
0% |
|
9,29% |
36,54% |
fantasia - roupa tecido |
1,65% |
7,60% |
18% |
0 |
|
9,16% |
36,41% |
pacote de viagem, com hotel, van e desfile |
1,65% |
7,60% |
0% |
0 |
5% |
22,03% |
36,28% |
apito |
1,65% |
7,60% |
18% |
0 |
|
7,23% |
34,48% |
água de coco |
1,65% |
7,60% |
18% |
0% |
|
6,88% |
34,13% |
água mineral |
1,65% |
7,60% |
7% |
0 |
|
15,25% |
31,50% |
hospedagem em hotel |
1,65% |
7,60% |
0% |
0 |
5% |
15,31% |
29,56% |
Sobre a ACSP: A Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em seus 125 anos de história, é considerada a voz do empreendedor paulistano. A instituição atua diretamente na defesa da livre iniciativa e, ao longo de sua trajetória, esteve sempre ao lado da pequena e média empresa e dos profissionais liberais, contribuindo para o desenvolvimento do comércio, da indústria e da prestação de serviços. Além do seu prédio central, a ACSP dispõe de 15 Sedes Distritais, que mantêm os associados informados sobre assuntos do seu interesse, promovem palestras e buscam soluções para os problemas de cada região.