Para a presidente da Blue Tree Hotels, Chieko Aoki, alguns valores fundamentais para o sucesso do empreendimento podem guiar quem busca adentrar a jornada do empreendedorismo, como a responsabilidade pelo sucesso do negócio, a confianças nas pessoas, o reconhecimento das oportunidades certas, a criação de um círculo de laços – isto é, de conexões – e a identificação de um propósito.
“A palavra ‘propósito’ é muito simples, mas se trata de saber para onde se está indo, se aquilo que estamos fazendo tem importância. Eu, por exemplo, criei um método de hospitalidade. Isso faz parte do meu plano de melhorar a qualidade de serviços no Brasil, agregando as qualidades do País às técnicas, aos procedimentos e ao aprendizado”, afirma, na segunda entrevista da série especial do Mês da Mulher, comandada pela jornalista Raquel Landim, do Canal UM BRASIL, uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Uma das estratégias implementadas por ela, inclusive, foi a adoção de elementos culturais de algumas regiões do mundo em seus negócios: a rigidez estadunidense com normas e processos; o espírito de “servir a reis e rainhas” e a elegância no atendimento dos europeus; e os elementos mais místicos e formais dos asiáticos, em particular os japoneses, como considerar o cliente um “presente divino”. “São coisas diferentes, mas que formam uma hotelaria melhor e dão mais capacidade para entender os clientes. A flexibilidade cultural me ajudou muito a compreender o nosso papel, o que tínhamos de fazer com determinadas culturas, bem como o que os clientes gostariam que fizéssemos. Esta mistura tem sido útil na busca de uma solução de hospitalidade que fosse brasileira. Um dos meus objetivos é criar a hospitalidade brasileira com as características universais que todos os clientes gostam.”
Outra das iniciativas dela, por exemplo, voltada às mulheres, foi a criação de um cargo que cuidasse das relações com as hóspedes, a fim de ajudar sobretudo as clientes a se sentirem mais à vontade dentro de um hotel. “Antigamente, não havia está liberdade. As mulheres comiam no quarto, pois se sentiam constrangidas de entrar no bar”, lembra.
No bate-papo, a presidente da rede hoteleira ainda avalia a falta de espaços para mulheres liderarem negócios e empreendimentos. “Há barreiras transparentes, mas que existem, as quais as mulheres precisam romper. Uma coisa que hoje já não soa tão natural é uma fotografia [em um ambiente corporativo] composta somente por homens. Os líderes homens geralmente só indicam outros homens. O salto precisa ser grande, de forma que mais mulheres na liderança possam ‘puxar’ outras”, enfatiza a presidente da Blue Tree.
Turismo como política de Estado
Especificamente a respeito do setor de turismo em uma visão macro, a CEO comenta que os planos para o sucesso ainda envolvem estratégias mais duradouras, tendo em vista que a concorrência é internacional. “Quando o país não tem nenhum recurso, recorre ao turismo, pois sempre há algo diferente para mostrar. Como valorizar isso? Criando infraestrutura e um investimento de longo prazo consistente. É necessário um plano de Estado para o turismo.”
Além disso, ela pondera ser relevante fundamentar todo um processo de educação da sociedade sobre como receber turistas. “Eu vi este exemplo quando, nas Olimpíadas do Japão, as escolas primárias ensinavam as crianças. Todos estavam preparados para explicar o que tem em sua cidade, mostrar caminhos. É um trabalho de conscientização nas escolas, nos negócios e na sociedade”, conclui.