O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a criticar nesta terça-feira, 19, a possibilidade do fim da escala de trabalho 6 x 1.
A medida foi apresentada em maio e já obteve o número de assinaturas necessárias para ser protocolada no Congresso por meio de Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Para Campos Neto, é preciso entender que mais deveres aos empregadores “não significam mais direitos aos trabalhadores”.
“Você voltar atrás nisso não vai ser bom para os empregados. Não estou falando das empresas, estou falando dos empregados. Você aumenta o custo da mão de obra, diminui a produtividade e vai aumentar a parte informal com certeza”, criticou.
Ele afirmou, durante seminário na Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o primeiro promovido pela Agência de Notícias DC NEWS, que uma menor flexibilidade na legislação trabalhista, no final das contas, “vai atrapalhar os trabalhadores”.
“Essa proposta vai na contramão, inclusive, da modernidade das relações de trabalho. A gente tem alguns exemplos ao redor do mundo. O trabalho moderno está mais flexível por natureza. As pessoas estão trabalhando mais remotamente, com tecnologia”, disse Campos Neto.
A Rede de Associações Comerciais divulgou uma nota afirmando que "este não é o momento para a redução da jornada de trabalho e que seria necessário debater meios de aprimorar a educação e a formação profissional, além de melhorar a infraestrutura e o acesso à tecnologia, entre outros fatores que contribuem para o aumento da produtividade e do ambiente empreendedor”.
CHOQUE POSITIVO
O diagnóstico do presidente do Banco Central é claro: o Brasil precisa de um “choque positivo” em relação aos gastos, tem que mostrar “um controle que precisa afetar expectativas”. O sistema financeiro é diretamente ligado a expectativas, observa.
Ao mesmo tempo, ele afirma que o governo busca ir nessa direção, enquanto se espera o pacote de corte de gastos. “A gente reconhece que o ministro Fernando Haddad tem feito um esforço enorme”, afirmou.
Campos Neto tem mais 41 dias à frente do BC. A partir de 1º de janeiro, a instituição será comandada por Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária, e ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda.
O atual presidente despistou sobre seu destino de janeiro em diante. “Provavelmente, alguma coisa ligada a tecnologia e finanças”, afirmou.
Campos Neto teve uma gestão marcada pelos habituais embates políticos devido à taxa de juros e, sobretudo, pelo início do processo de modernização da intermediação financeira. O exemplo mais notório e palpável é o Pix, desenvolvimento pela equipe de Campos Neto. “O que engaja as pessoas? Pagamentos”, disse Campos Neto em sua exposição.
No último dia de outubro, o Brasil chegou a 805,6 milhões de chaves Pix, sendo 766,3 milhões de pessoas físicas. Foram quase 5,8 bilhões de transações no mês passado, ante 2,5 bilhões apenas dois anos atrás. E a implementação do Open Finance.
“O Drex é pegar tudo isso que a gente faz em termos de digitalização e dar mais um passo”, afirmou o presidente do BC, que trouxe um exemplo doméstico da popularização dos sistemas de pagamento: “Meu filho [de 12 anos] outro dia veio pedir dinheiro para comprar lanche e já veio com o QR Code”.
CLIQUE AQUI e leia a reportagem completa na DC News.