Por Roberto Mateus Ordine
As primeiras Associações Comerciais surgiram em torno dos portos a partir das Praças de Comércio, onde os importadores se reuniam para trocar informações sobre os produtos que chegavam do exterior e também a respeito dos pagamentos. Essa troca se fazia de maneira informal, mas era muito importante para garantir o dinamismo e a segurança ao comércio.
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP), fundada em 1894, ajudou a reforçar essa tradição ao criar, em 1º de julho de 1924, um boletim Informativo que apresentava a relação das insolvências na praça de São Paulo. Esse boletim, que gradativamente passou a incorporar mais informações, em 1949 foi rebatizado de Diário do Comércio.
O DC passou a ser de leitura obrigatória para os empresários, sendo em muitos casos a única fonte de informação, circulando internamente em muitas empresas, conforme o interesse de cada área.
A seção com as informações diárias sobre insolvências, apontamentos, títulos protestados, falências e concordatas acabou apelidada por alguns de “colunas sociais” do Diário do Comércio. Claro que ninguém queria ter o nome publicado nesta área do jornal, tanto que funcionários de empresas faziam plantão na porta da gráfica esperando as primeiras edições para verificarem os apontamentos. Caso o nome da empresa aparecesse, corriam ao cartório para pagar o título antes dele ser protestado.
Mas o DC oferecia também outras informações para auxiliar os empresários sobre as exigências burocráticas, as constantes mudanças da legislação, possuía coluna sobre orientação jurídica, publicava notícias sobre a economia e, nos editoriais, a posição da ACSP na defesa do empreendedorismo e da economia de mercado.
Suas manchetes, algumas vezes irreverentes, traduziam o estado de espírito não apenas dos associados da ACSP e das Associações Comerciais de todo o País, mas, muitas vezes, de toda a nação.
Seguindo a evolução observada em outros jornais, o DC passou a ser também eletrônico e, depois, desde 2014, exclusivamente eletrônico, sem, no entanto, perder suas principais características de órgão informativo dos empresários e difusor da livre iniciativa como motor da economia e instrumento indispensável para o desenvolvimento econômico e social do país.
Ao completar cem anos, a partir de um modesto boletim datilografado, o Diário do Comércio alia tradição com modernidade e está preparado para mais um século de serviços à classe empresarial e ao Brasil.
Roberto Mateus Ordine é presidente da ACSP São Paulo e vice-presidente da Facesp.