O varejista precisa estar atento para as mudanças no padrão de consumo, especialmente da Geração Z, aquelas pessoas que nasceram entre 1995 e 2010. Segundo Guga Schifino, diretor de novos negócios da Stone, há uma mudança significativa no setor de consumo, de modo que até 2030, essa geração será responsável por 70% do consumo global, mas com uma forma de comprar bem diferente da que os varejistas estão acostumados hoje em dia.
"O lojista de nosso país que não tiver tempo de pensar e se preparar para a nova realidade, será engolido", afirmou o especialista durante uma apresentação realizada no segundo dia do 20º Congresso da Facesp (Federação das Associações Comerciais de São Paulo), realizado no Hotel Tauá, em Atibaia (SP).
Guga destacou cinco principais mudanças de comportamento dos consumidores. A primeira mudança está relacionada à consolidação do cenário híbrido de vendas. Impulsionado pela pandemia do novo coronavírus, o comércio eletrônico veio para ficar. "Hoje 75% das compras são iniciadas no ambiente virtual. Se a empresa varejista está fora do ambiente virtual, ele está fora de 2/3 do mercado", destacou. Nesse cenário, dominar a forma de fazer publicidade digital é fundamental para conquistar clientes. Isso se reflete, por exemplo, na gigante do comércio virtual, a Amazon, que está perdendo espaço no marketplace porque muitos pequenos e médios empreendedores estão aprendendo a conquistar e fidelizar clientes virtuais.
O novo protagonismo do consumidor é segunda mudança observada por Guga Schifino ao apontar que a Geração Z já representa 40% do consumo mundial. "Quem vai escolher o sabor da pizza que vamos comer hoje à noite não é mais a gente, mas nossos filhos. Eles estão muito mais preocupados com o fim do mundo do que com o fim do mês. Eles possuem desejos conflitantes, valorizam a transparência e a limpeza e não querem trabalhar muitas horas por dia, comprometendo a vida", comentou Schifino. A nova geração domina o mercado de trabalho, que também passa por mudanças de comportamento. A idade média das empresas caiu de 61 anos na década de 70 para 21 anos hoje. As empresas com quadros de funcionários mais antigos têm dificuldade de se reciclar e compreender esses novos padrões.
As lojas físicas também passam por mudanças impostas pelo novo padrão de consumo e devem oferecer não apenas o produto, mas uma experiência que vá além do comprar e vender. Guga exemplifica a questão utilizando uma conhecida rede de venda de móveis infantis. A loja agora aluga seu espaço físico para a realização de eventos relacionados ao universo infantil, permitindo uma imersão do cliente em muitos aspectos. Tendo em vista que todos os anos, o fluxo de pessoas no varejo cai cerca de 10%, Schifino sugere medidas de contenção que incluem: trabalho para melhorar autoestima dos vendedores para que eles criem novas formas de apresentar produtos, até a revenda de produtos de luxo usados.
Automação é outro ponto crítico de mudança e é necessária uma atenção especial a esse ponto. "Mais da metade do que fizemos ontem poderia ser feita hoje por inteligência artificial com zero custo. Se não voltarmos a aprender como usar essas tecnologias não vamos conseguir colocar o pequeno negócio com destaque", alertou Guga. O uso de robôs e a personalização em larga escala é mais que realidade, e quem dominar essas ferramentas tem mais vantagem na apresentação e venda de produtos. Apenas a título de ilustração, o Chat GPT atingiu em 9 dias o que o TikTok levou 9 meses para conseguir: 100 milhões de usuários. Hoje, os clientes são atraídos por essas plataformas.
Por fim, o especialista alerta para o uso da Internet 3.0, com a imersão no metaverso, como um caminho natural para as futuras interações sociais. Guga Schifino reconhece que é melhor fazer coisas em ambiente 3D do que em 2D e que vídeos são melhores que fotos. Assim, o metaverso é uma opção muito melhor para a experiência de venda virtual do que a compra simples por um site. Alguns números sustentam isso: 37% das crianças americanas preferem comprar produtos para seu avatar do que para si próprias. Os brasileiros gastam em média 3h42 por dia navegando em redes sociais, é o terceiro maior consumo no mundo.
Ao adaptar-se a esse cenário, lojistas de pequeno e médio porte poderão ampliar suas vendas e ober sucesso com o novo mercado consumidor.
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