Alfredo Cotait Neto, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), recebeu a jornalista Mônica Waldvogel para uma conversa sobre política e economia. O encontrou ocorreu na Associação Comercial de São Paulo (ACSP), na tarde desta terça-feira (23/01).
Cotait defendeu a reforma administrativa e afirmou que o projeto precisa “caminhar em paralelo com a regulamentação da reforma tributária”.
“A reforma administrativa pode colocar o estado no lugar dele. Conhecendo o tamanho da máquina pública será possível dar a eficiência necessária para que os esforços sejam concentrados em questões essenciais. O governo não deve e não precisa estar presente em tudo. No Brasil, o estado controla a nação, quando deveria ser exatamente ao contrário.”, ponderou Cotait.
“A sociedade precisa participar, se fazer presente, ter voz nas grandes discussões do país. Quando conquistarmos isso, nosso país dará um salto vertiginoso, com potencial de mudar completamente a estrutura da sociedade”, avaliou.
UM PAÍS DE EMPREENDEDORES
O presidente da Facesp e da CACB afirmou que Brasil precisa valorizar a classe empreendedora. “O mundo é dos empreendedores daqui para frente. O brasileiro não quer mais saber de ter um salário, que tenha que pagar imposto na fonte. Pagar previdência. O estado é quem precisa encontrar uma saída e não, simplesmente, jogar esta carga para o trabalhador”, afirmou.
“O futuro se abre para o empreendedor. E tem muita gente se reinventando, começando uma micro empresa, que vai crescendo. O brasileiro cresce fazendo aquilo que sabe. Seja em um salão de cabeleireiro, fazendo bolo, trabalhando como pedreiro ou eletricista. Ninguém mais aguenta bancar esta estrutura que sustenta este estado gigantesco. Todos nós queremos ser dono do próprio tempo”, disse Cotait.
TAXA DE JUROS E COMPRA PARCELADA
Durante a conversa com a jornalista, Cotait ressaltou que “há espaço para a redução da taxa de juros”. “A queda demorou muito para ocorrer. É evidente que a decisão sobre os juros precisa continuar sendo técnica, porém, a inflação está abaixo da meta, o que possibilita uma taxa menor”, avaliou.
“O varejo ainda se recupera da pandemia. Ainda estamos passando pelo rescaldo daquela situação extremamente grave. Foi ofertado um bom volume de microcrédito e parte dos impostos foram postergados no momento de sairmos daquele período, mas as dificuldades continuam. O crédito sumiu e os tributos adiados precisam, agora, ser pagos. Com este cenário é impossível mexer no mecanismo da compra parcelada sem juros. Sem acabarem com esta modalidade, o varejo quebra”, garantiu Cotait.