Há pouco mais de um ano a Associação Comercial e Industrial do Amapá (Acia) tinha apenas oito associadas. Depois da chegada do Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (Cmec) ao estado, já são mais de 70. Quem revelou os dados foi Fabíola Ribeiro, primeira vice-presidente da associação acreana, e uma das 46 mulheres presentes ao evento “Inovação e Sustentabilidade” que está sendo realizado pelo Cmec, em Brasília.
Fabíola vai levar para Macapá diversos ensinamentos para “dividir com a equipe e com a diretoria da instituição que existe há 78 anos”. Ela disse que aprendeu muito com a palestra do superintendente de Serviços Institucionais da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Renan Luiz.
Renan dividiu com o público informações sobre como funciona a ACSP e provocou reflexões: “A associação gera conteúdo para os associados? Oferece cursos?” As perguntas eram seguidas de sugestões. “Pode ser um curso simples que ajude o pequeno empresário a lidar com fluxo de pagamento ou gerenciamento de estoque, por exemplo”, explicou Renan, que bateu na tecla de que “a associação precisa oferecer ao associado uma cesta de serviços que esteja em constante transformação”
Estudos
Um estudo sobre empreendedorismo feminino foi apresentado pela pesquisadora Camila Ribeiro. “Nos últimos três anos as mulheres abriram mais empreendimento do que os homens, mas mais por necessidade”, explicou ela acrescentando que para as mulheres a empreitada é mais desafiadora por diversos motivos. Pouco conhecimento e falta de capacitação em gestão de negócios; desconhecimento de contatos estratégicos no ambiente empresarial e dificuldade de acesso à educação financeira foram alguns dos exemplos. O estudo completo está disponível no site do Cmec.
Sebrae
Falando em pesquisa, Mina Faleiro, uma das representantes do Sebrae (parceiro do evento), lembrou que a entidade faz duas pesquisas anuais sobre empreendedorismo feminino e com recortes regionais. Ela sugeriu que os dados sejam usados em palestras “para mobilizar a empresária que está na ponta”. Ana Claudia Badra Cotait, presidente do CMEC reforçou a lógica. “Nós somos propulsores de ideia, mas não temos gerências sobre vocês. Eu sugiro, mostro as vantagens”, explicou.
E foi o que aconteceu no Acre. Patrícia Dossa, que está à frente do Cmec regional e é vice-presidente da associação comercial, explicou que a parceria com o Sebrae local rendeu frutos. Com o apoio da instituição, ela levou 15 empreendedoras para participar de uma feira em São Paulo no fim do ano passado.
Novas casas
O presidente da CACB participou da abertura do evento agradecendo a presença de todas as presentes e disse que “quando se entra no associativismo é difícil sair porque a gente se encontra sem o ranço do Estado”. Cotait também ofereceu às participantes a sede da instituição como um lugar para que as empreendedoras presentes ao evento possam se reunir com parlamentares em Brasília.
De longe, participando virtualmente, a conselheira do CMEC do Rio Grande do Sul, Simone Leite, falou sobre o difícil momento que o estado enfrenta em função das enchentes. “O que vocês viram pela TV não dá a dimensão do estado. O povo gaúcho está demonstrando muita bravura”.
Dona de uma indústria que não foi diretamente afetada, mas que sente os reflexos do desastre ambiental, Simone disse que as estimativas são de uma perda de 60% do PIB do estado. Para ajudar a reverter o quadro ela falou de dois projetos. O Bússola, que “dá um norte para as mulheres empreendedoras” e o “De Mãos Dadas”. Para este, a gaúcha sugeriu “às gurias presentes”, que cada associação “adotasse” uma empreendedora em dificuldade. “Doar um lavatório para uma cabeleireira retomar o trabalho, uma arara de roupas para uma comerciante, e uma palavra de apoio através de uma ligação”, explicou.
A CACB também lançou uma campanha em parceria com a Federasul com o objetivo de apoiar a recuperação das ACEs no estado. “O momento atual exige que a solidariedade se estenda ao sistema, que também precisa de apoio para poder ajudar a reerguer os empresários locais”, explica Alfredo Cotait.