Da padaria de bairro a uma multinacional, todos os negócios estão fadados a passar por mudanças com a chegada de inovações como o ChatGPT, entre outros recursos que têm a inteligência artificial (IA) como base.
A reflexão, feita pelo jornalista Pedro Doria, especialista em tecnologia e transformação digital, durante o 21º Congresso da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), tem tudo a ver com os ganhos que a IA já oferece e ainda pode proporcionar.
Ao relembrar que, em 1955, Arthur Samuel, engenheiro da IBM, já falava em machine learning quando criou um jogo de damas com robôs que aprendiam a jogar, o Doria destacou que o próximo avanço só aconteceria em 1997, quando então a IBM desenvolveu uma máquina que sabia jogar xadrez e foi capaz de ganhar do número um do mundo no jogo. Essa máquina era o Deep Blue, e já tinha tudo a ver com IA.
Décadas mais tarde, em 2007, o primeiro iPhone chegou ao mercado com a promessa de ser um aparelho revolucionário e, em 2012, surge a segunda geração da tecnologia, com a criação de um sistema que percebia padrões de comportamento. Com isso foi possível o surgimento de um sistema capaz de reconhecer um rosto em uma fotografia.
“Já estamos chegando na quarta geração, e podemos afirmar que a IA é tão revolucionária quanto a criação da internet”, disse o especialista.
Ao citar os serviços da Meta, empresa mãe do Facebook, Instagram e WhatsApp, que tocam em 3 bilhões de pessoas no mundo com seus recursos movidos pela IA, Doria chamou a atenção para o poder de persuasão das máquinas.
Hoje, são quatro companhias na disputa da IA. Além da Meta, que lançou seu pacote de inteligência artificial generativa por meio de um modelo só de texto, chamado Llama, temos o Gemini, do Google, Claude 3, da Anthropic, e GPT, da OpenAI.
A grande questão é que esses grandes modelos de linguagem precisam de muito texto escrito por seres humanos para simular inteligência. E da forma como está hoje, Doria avalia que até 2026 se esgotará o que existe na internet para servir de treinamento.
O atual GPT 4 exemplifica bem essa teoria. Treinado com uma quantidade de textos que um ser humano levaria 20 mil anos para ler, essa é a quarta versão do modelo que pode auxiliar em uma série de tarefas, como escrever e-mails. Em geral, o treino vem de conteúdo encontrado na internet, como páginas da web toda, incluindo veículos noticiosos e sites de conversas.
A ponderação do especialista é que a partir do momento em que o sistema pode ser alimentado com os dados que os usuários desejam, as possibilidades da ferramenta se transformam por completo – e dessa forma, a IA deixa o lugar da curiosidade e passa a se tornar um produto de consumo.
E isso, certamente, colocará empresas em uma verdadeira corrida por uma nova transformação digital. Quem for mais ágil em incorporar a terceira geração terá resultados impressionantes mais cedo e cortará custos mais rápido, se tornando mais competitivo, e até quem sabe um gerador de riquezas isolado.
Os novos recursos poderão ser usados em serviços básicos como no atendimento ao cliente, assim como robôs já são capazes de conversar por voz ou texto com quem tem dificuldade técnica, e resolver os problemas. E esse uso poderá ser cada vez mais complexo.
Levando essa teoria para a prática, é possível imaginar que um estudante pode enviar os textos que cairão na prova e pedir ao ChatGPT que lhe faça perguntas para se testar. Assim como quem tem uma quantidade muito grande de texto para ler de um dia para o outro pode pedir um resumo.
Pensando num futuro bem próximo, Doria vai além. A IA pode descobrir doenças antes mesmo do diagnóstico de um médico ou projetar remédios. Com base na compreensão do histórico de sucessos e fracassos de uma empresa, essa tecnologia poderá sugerir novos produtos, outras estratégias de gestão, fazer rebranding – as possibilidades serão ilimitadas.