As cidades se transformaram ao longo dos tempos passando por vários estágios de reorganização geográfica. Uma metáfora curiosa apresentada pelo arquiteto britânico Cedric Price compara as cidades a um ovo em seus três estágios: cozido, frito e o mexido. “O ovo cozido é uma metáfora em relação à cidade medieval, onde se encontra uma forte distinção entre o centro e o campo. O ovo frito representa a cidade pós-revolução industrial, após o rompimento dos muros e a continuidade da urbanização acompanhando os fluxos de circulação. O ovo mexido reflete a tendência à dissolução do núcleo central e à crescente permeabilidade em todos os limites, representada por um diagrama composto por fragmentos dispersos sobre uma região urbanizada, pontuada por eventuais concentrações”.
Quando observamos a cidade de Franca, percebemos como seus corredores comerciais cresceram ao longo das últimas décadas. Tirar seu carro da garagem para ir até o Centro da cidade fazer compras não é mais tão usual. Para se ter uma ideia – conforme dados do IE-ACIF (Instituto de Economia da Associação do Comércio e Indústria de Franca) – das empresas abertas no ano 2000, 12% escolheram se localizar no Centro da cidade. Entretanto, quando olhamos para o ano de 2019, apenas 0,2% das empresas abertas na cidade tomaram como escolha abrir as portas no Centro de Franca.
Corredores comerciais se consolidaram, como: Avenida Dr. Abrahão Brickmann, Rua Francisco Marques, Avenida Brasil, dentre outros. Outros corredores nasceram – como foi o caso da Rua Álvaro Abranches e Avenida Paulo VI. Sobretudo, cada corredor se desenvolveu construindo nichos de mercado e novidades para a cidade – nunca com a intenção de segregar, mas sempre de integrar.
Fatalmente, o Centro de Franca ainda mantém sua primazia em relação ao número de estabelecimentos comerciais, mas bairros como Cidade Nova, Vila Aparecida, Estação e São José abrem, cada vez mais, portas de comércio buscando seus clientes. Cada vez mais, passamos a consumir em estabelecimentos próximos às nossas casas.Esse é o momento de se analisar cada rua do seu bairro e ver as oportunidades que surgem para empreender.
Sabemos agora – pela metáfora de Price – que Franca se tornou ovo mexido. A pergunta que nos resta é: a cidade é homogênea ou integrada? Uma resposta difícil de articular, pois, só agora estamos percebendo o quanto nossa cidade cresceu e, sobretudo, vemos a necessidade de políticas públicas voltadas para um Planejamento Estratégico Urbano. Não basta mais que o município se preocupe apenas com problemas: esse é o momento de planejar, pois não podemos dirigir cidades do século XXI com estruturas do século XX e dirigentes do século XIX. Nossa cidade precisa entender o que cada zona geográfica desenvolveu, potencializar suas fortalezas, atrair investidores e realizar um planejamento plurianual que seja independente de transições no governo municipal.
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