4º Encontro Liberdade para Empreender reúne mais de mil mulheres

O Conselho Nacional da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC), da Confederação das Associações Comerciais e Empresarias do Brasil (CACB), da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) e da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), promoveu, nesta terça-feira (28), no Clube Monte Libano, um dos maiores eventos sobre empreendedorismo feminino do país, ao reunir mais de mil mulheres para ouvir dicas de especialistas, trocar experiências e ampliar o networking, visando ampliar a atuação de seus negócios.

Segundo Ana Claudia Badra Cotait, presidente do CMEC, "esse é o evento da inspiração”. “Criamos tudo com muito carinho e cuidado, para que cada empreendedora se sinta abraçada e tenha a sua liberdade financeira para sair de qualquer situação de vulnerabilidade social".

Durante o evento, Ana Claudia fez um anúncio inédito. Por meio de um termo de colaboração exclusiva com o Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB), criado e comandado por uma mulher empreendedora, o IESB irá estruturar cursos de graduação EAD em cada polo do CMEC pelo Brasil, garantindo formação superior a mulheres nas 700 unidades do Conselho da Mulher.

Essa será uma parceria estratégica de capacitação em apoio ao CMEC e seus demais parceiros como: Sebrae, FAC-SP, entre outros. O início deste projeto está sendo estudado e logo anunciado pelos idealizadores.

HISTÓRIAS DE SUCESSO

As mais de mil empreendedoras reunidas no Liberdade para Empreender, de todos os estados do Brasil, ouviram as histórias de sucesso de nomes como o do fundador da Petz, Sergio Zimmerman; a CEO do Grupo Arcangelli; Cristiana Arcangeli; e da jornalista e apresentadora Maria Cândida.

Zimmerman, por exemplo, destacou a importância de se aprender lições em cada oportunidade, inclusive durante revezes. "A vida é composta por escolhas e ao lidar com um revés, a verdadeira aprendizagem ocorre", ensinou.

Já Maria Cândida contou como sua experiência a ajudou a mudar a trajetória de sua carreira, quando ela decidiu deixar a televisão. "O que acontece com a gente após os 40 anos é que tentam tirar nossa história como se não fosse importante. A gente não pode acreditar que é o fim do jogo. Estamos no momento de mais experiência, que somos uma potência e temos que aproveitar isso", destacou.

Cris Arcangeli seguiu o mesmo caminho ao destacar o princípio da antifragilidade, que é a habilidade de resistir aos problemas até se tornar melhor. "Você passa por tanto desafio que uma hora você desenvolve", ela explanou, antes de elencar os seis pilares do empreendedorismo: 1. Disposição para o desafio; 2. Inovação vem da observação; 3. Credibilidade é o maior patrimônio de uma empresa; 4. Competência é resultado; 5. Networking singular é fundamental para o sucesso e 5. Empreender liberta.

O encontro foi realizado pela Associação Comercial de São Paulo e patrocinado pelo Bradesco, Sebrae e Sicredi.

MODA CIRCULAR

Um importante debate tomou o palco do Liberdade para Empreender quando especialistas falaram sobre a economia da moda circular, que torna o setor mais sustentável em muitos sentidos. Segundo dados do Sebrae, o mercado de brechós cresceu 210% nos últimos cinco anos.

Ana Teresa Saad, cofundadora da Clo.Rent, uma plataforma de aluguel de roupas com curadoria personalizada, para empreender na área é necessário autenticidade. "Criamos um guarda-roupa digital e uma rede social, onde você pode ver o guarda-roupa dos seus amigos, trocar, comprar, postar looks, receber dicas de moda. Nesse ramo, você precisa colocar sua essência para fazer as combinações. A autenticidade faz as pessoas procurar seu produto".

Somente depois de se aposentar como bibliotecária no Senado Federal, Helena Celeste Vieira decidiu empreender. Depois do sucesso de um bazar que ela organizou, a servidora pública encontrou coragem para abrir o próprio negócio nesse segmento. Hoje ela é sócia do Nosso Armário Brechó e dividiu com a plateia parte do segredo do seu sucesso: "Construa um ambiente agradável e cheiroso, com uma curadoria criteriosa e minuciosa e muito voltada para seu cliente. Ofereça um atendimento personalizado, organização dos processos de trabalho, esteja disposta a promover ações em datas específicas e invista em redes sociais", compartilhou.

"Não adianta trabalhar com um produto que você não acredita. Eu focaria em uma loja de peças únicas, mas com uma curadoria especial, para ganhar uma cara personalizada. Entenda o que você quer e o que você é para dar autenticidade ao seu negócio", sugeriu a consultora de moda Bia Perotti durante o debate.

MULHERES QUE INSPIRAM

Outras mulheres também dividiram suas receitas de sucesso com o público feminino durante o Liberdade para Empreender. Uma delas foi Bárbara Frazão, ganhadora do MasterChef Brasil. Sua história com a cozinha começou no lar, por influência da avó e da mãe. "Esse apoio me fortaleceu e me deu segurança. Eu reuni no Afeto (seu restaurante) todos os valores de família. Essa é minha essência e levo para o meu empreendimento", diz a chef que aposta na autenticidade: "Foi na simplicidade, no meu jeito, que eu fui uma vencedora. Não é o que você faz, mas como você faz. Aprendi isso com meus pais".

Ana Claudia reuniu outras líderes empreendedoras para um bate-papo sobre a participação das mulheres no mercado de trabalho e os desafios da igualdade de gênero no mundo corporativo. As mulheres ainda enfrentam grandes desafios de desigualdade na vida em geral que os homens não costumam enfrentar, o que exige a continuidade da discussão sobre a igualdade de gênero. "A solução é agir em rede", sugere Renata Malheiros, coordenadora do Sebrae Delas ao propor que conselhos como o CMEC sejam uma forma de continuar a discussão e a pressão pública pela equidade.

Na área governamental, os problemas são semelhantes segundo apontamento de Gerlane Baccarin, secretária de Estado do Governo de Roraima. "Mulheres são maioria no eleitorado, precisamos acreditar na força da mulher e ir à luta. A maior ferramenta de transformação é a política bem-feita", sugeriu a secretária, complementando o discurso de Renata Malheiros.

"Meu maior desafio foi justamente falar sobre questões culturais para homens e mulheres. Precisamos trazer os homens para essa pauta. A questão da desigualdade de gênero é da sociedade. Homens e mulheres fazem parte do problema e da solução", avalia Malheiros.

"Onde estão as mulheres no Direito?", questionou a advogada Marcella Montandon ao revelar que apenas 30% dos sócios de escritório de advocacia são mulheres e somente 35% estão em posição de CEOs ou diretoras de escritório. Marcella reforça a discussão sobre a participação de mulheres em cargos de liderança nos mais diferentes segmentos econômicos.

Apesar do cenário, algumas bolhas são furadas com ações criativas e persistência. A experiência de Gisele Mafei, que atua com odontologia esportiva em um ambiente predominantemente masculino, dá alguma esperança de que a força da mulher pode mudar a realidade. Após 20 anos atendendo em um consultório, ela queria inovar. "Não só o esporte em si, a política ao redor do esporte é bem masculina, mas através da perspectiva conseguimos a visibilidade. Precisamos saber o que queremos, ter a postura profissional para superar o cenário e se colocar nesse meio", atestou a dentista que hoje é referência no mercado atendendo mais de quatro mil atletas de alto nível.

Encerrando o evento, a palestrante Leila Navarro resumiu o encontro com as seguintes palavras: "Ter poder é poder escolher. Empreender liberta".

EMPREENDEDORISMO FEMININO

Durante a abertura do 4º Encontro Liberdade para Empreender, autoridades destacaram a importância do evento e do incentivo ao empreendedorismo das mulheres e de seu protagonismo no mundo dos negócios. Alfredo Cotait Neto, presidente da CACB e da Facesp, reconheceu que o CMEC tem uma história. "Quando assumi a presidência da Associação Comercial de São Paulo, a Ana Claudia disse que precisávamos incentivar as mulheres porque elas são tenazes empreendedoras e estavam precisando de um movimento que agregasse cada vez mais as mulheres empreendedoras do Brasil. O CMEC foi organizado em todo o estado e fomos parar na CACB, com 2300 associações nos 27 estados da federação".

Cotait acredita que o futuro do mundo é o empreendedorismo, "e quanto mais fomentarmos isso, mais termos a chance de consertar o Brasil e gerar crescimento econômico e aí as mulheres são fundamentais".

Para o atual presidente da ACSP, Roberto Ordine, o Brasil vive um momento difícil de individualismo, materialismo e violência sem necessidade, só havendo uma forma de resolver: a solidariedade feminina. "Vocês são mães, tem o amor diferente de todos os que estão no poder esquecendo da necessidade da família, de ajudar as crianças a crescer no mundo melhor. Peço a vocês que a sua voz seja no sentido da solidariedade humana. Continuem na perseverança de que independente de qualquer situação, vocês continuarão a empreender", faz o apelo o presidente da ACSP.

Como parceiro e apoiador do empreendedorismo feminino, o Sebrae tem o foco voltado para a qualificação da mulher empreendedora. "O Sebrae é signatário dos eventos sustentáveis e um dos objetivos é empoderar mulheres e meninas. Isso acontece com o fortalecimento de lideranças femininas no empreendedorismo.", declarou Nelson Hervey, superintendente do Sebrae São Paulo.

AUTOESTIMA DA MULHER

A valorização da mulher empreendedora está no topo da proposta do Liberdade para Empreender. Desde sua primeira edição, o evento promove, por meio de homenagens, o reconhecimento a mulheres que se destacam em seus nichos por meio de prêmios, nesse contexto o CMEC criou o prêmio “Florescer da Autoestima da Mulher”

Neste ano de 2023 as homenageadas foram: a Mestre e Doutora em Ginecologia, Coordenadora do Programa Saúde do Adolescente da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, Albertina Duarte Takeuti; a esteticista, maquiadora e fundadora da rede Jacques Janine, Janine Goossens e a Idealizadora Programa Mentoria para Mulheres Nós por Elas, Presidente e Fundadora do IVG - Instituto Vasselo Goldoni, Edna Godoi Vasselo.

CLIQUE AQUI e confira as fotos do evento.

Sobre o CMEC: O Conselho Nacional da Mulher Empreendedora e da Cultura atua como um fórum de referência de estudos, debates e inspirações à mulher empreendedora, além de desenvolver ações, campanhas e projetos sociais e culturais. Também atua como instrumento para que lideranças femininas discutam seus problemas e apresentem propostas que mobilizem a comunidade empresarial e a sociedade organizada. Possui mais de 500 conselhos da mulher, distribuídos por todo Estado de São Paulo e presente nas 2.500 associações do Brasil.