O crescimento das apostas on-line no País impactou negativamente o varejo e toda a cadeia produtiva brasileira em 2024. Segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o setor enfrentou perda de R$ 103 bilhões do faturamento anual potencial com o redirecionamento dos recursos das famílias para os jogos. A pesquisa que revelou o dado ainda mostra que 1,8 milhão de brasileiros entraram em situação de inadimplência por comprometer a renda com as bets.
O descontrole financeiro reduziu a compra de bens e a contratação de serviços, levando à queda do consumo essencial relativo aos itens de primeira necessidade para a sobrevivência.
Impacto econômico: cenários extremos de perdas
Os números analisados pela CNC consideraram os impactos econômicos das apostas on-line sob dois cenários distintos, com gastos de R$ 24 bilhões e R$ 240 bilhões anuais pelas famílias brasileiras.
No primeiro cenário, a economia sofre perdas estimadas em R$ 39 bilhões no faturamento total, R$ 19,5 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) e R$ 2,1 bilhões na arrecadação tributária. Já no segundo cenário, os prejuízos sobem para R$ 364 bilhões no faturamento, R$ 219 bilhões no PIB e R$ 14,5 bilhões em impostos que deixam de ser recolhidos pelo Estado.
A Rede de Associações Comerciais assinou um manifesto que alertava para o crescimento desenfreado das apostas eletrônicas e as graves consequências sociais, econômicas e de saúde pública.
O caminho para a regulação
O estudo da CNC reforça a importância da regulamentação para mitigar os danos das apostas para a economia. Entre as medidas propostas, destacam-se a imposição de limites para os jogos on-line, campanhas de conscientização e programas de apoio a viciados. Outra sugestão é a regulamentação anterior de cassinos físicos, que, segundo o Projeto de Lei nº 2.234/22, pressupõe a criação de uma Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) específica para o setor, com potencial de arrecadação de até R$ 22 bilhões anuais em tributos, e esses recursos poderiam ser direcionados para áreas como saúde e educação e diversos programas sociais, criando um círculo virtuoso e benéfico para a sociedade.
Fonte: CNC