Mobilização pelo voto distrital une Associações Comerciais de todo o País
Notícias
01 de abril de 2025

Do Diário do Comércio
A necessidade de melhorar a qualidade da representação política do país por meio do voto distrital é a bandeira do grupo "G50+", movimento lançado pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) na segunda-feira, 31/3, no Encontro Nacional de Integração do Associativismo, realizado na Associação Comercial da Bahia (ACB), a mais antiga do país, fundada em 1811.
Com cerca de 50 Associações Comerciais e empresariais de todo o país envolvidas, o grupo, batizado de G50+ por Alfredo Cotait Neto, presidente da CACB e da Facesp, pretende se mobilizar nos próximos meses para colocar na pauta de votação do Congresso o PL 9.212/2017, atualmente na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Este se origina do PLS 86/2017, do ex-senador e ex-governador paulista José Serra, com ligeiras alterações.
Apresentada aos representantes das associações comerciais por Guilherme Afif Domingos, secretário de projetos estratégicos do Governo de São Paulo e ex-ministro da Micro e Pequena Empresa, a proposta, que prevê um sistema misto, busca melhorar a qualidade da relação entre eleitos e eleitores, acabando com o modelo atual das cotas partidárias.
O sistema misto combina os votos distrital e proporcional, sendo que o eleitor escolheria o deputado do seu distrito e o partido de sua preferência com a lista prévia de candidatos. Já os distritos seriam definidos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com base técnica em dados do IBGE.
Tanto o secretário de governo quanto o deputado federal Antônio Brito (BA), que participou do painel e integrou duas comissões sobre a Reforma Política desde 2013, afirmaram que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (PB), já sinalizou que vai criar uma comissão especial para tratar do assunto em 2025. "Votar em um candidato próximo à realidade do eleitor facilita a ele mesmo a cobrança dos resultados”, destacou Brito.
Para dar uma ideia do atual cenário, Afif citou uma pesquisa, realizada nas eleições de 2022, que aponta que 64% dos eleitores não lembravam em qual deputado federal votaram (Datafolha), enquanto outros 66% desaprovavam o seu trabalho.
Esse processo, segundo ele, que começou com as manifestações de 2013 e não tinha uma pauta única, levou a uma percepção que acabou 'lida' pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seu entorno: "vocês (o Congresso) não me representam, sou contra tudo isso que está aí".
A ideia, disseminada nas redes sociais, ajudou a intensificar a entrada de influencers na política com a bandeira da renovação, e alguns tiveram votações astronômicas, que passavam de 1,5 milhão - um verdadeiro 'arrastão de votos', segundo Afif, que beneficiou novos parlamentares que não tinham bandeira definida, nem compromisso com nada nem ninguém.
"Era 'sou contra' e só, mas candidatos que arrastaram consigo cinco ou seis outros que não tiveram tantos votos, mas também não tinham compromisso com nada e passaram a compor as maiorias (no Congresso). Isso é uma ameaça ao sistema, não uma solução ao sistema", disse, lembrando que isso agrava o distanciamento com os eleitores e a falta de produtividade dos congressistas, e que a 'crise das emendas' de hoje é um resultado ruim de tudo isso.
A grande preocupação para as eleições de 2026, de acordo com Afif, é o advento de "cantores sertanejos e youtubers com milhares de seguidores", que enxergaram um caminho para entrar na política com extrema facilidade, levando a um processo de desorganização política.
Para o presidente da CACB e da Facesp, Alfredo Cotait, a sociedade começou a ganhar consciência da importância das redes para defender bandeiras como a do voto distrital misto. Portanto, se o objetivo é transformar o sistema eleitoral brasileiro, disse, é preciso trabalhar junto aos parlamentares para o projeto ser votado até setembro deste ano para valer já em 2026.
Caso não seja votado ainda este ano, o PL só começaria a valer para as eleições para vereador em 2028, e as de deputados estaduais e federais em 2030, lembrou. Por isso, é fundamental que entre em vigor antes, para "harmonizar e tranquilizar o ambiente político atual."
CLIQUE AQUI e leia a reportagem completa do Diário do Comércio.
