Para jornalista, País precisa de um governo eleito com uma ‘agenda clara’
“O País deslancha só depois das eleições, se deslanchar”. É o que previu, ontem (23), o jornalista Carlos Alberto Sardenberg, no encerramento do 11º Congresso Empresarial Acipi, no Teatro Unimep.
Segundo o jornalista, que também é comentarista de economia, o Brasil já iniciou um processo de recuperação, mas uma retomada definitiva da economia está atrelada ao processo de eleições. “O que pode acontecer é que, do jeito que a economia está se virando, você tem um crescimento já meio contado para o ano que vem. Só não vai ocorrer se acontecer alguma catástrofe. A economia pode crescer 2,5%, mas é pouco, depois de dois anos e meio de recessão. Se as privatizações andarem vai ter um pulso novo”, pontuou.
Em sua palestra: “Instabilidade 2017/Eleições 2018”, ele explicou que o maior problema da economia brasileira, hoje, é o das contas públicas. “Há um colapso das contas do setor público em todos os níveis. E esse colapso das contas públicas exige respostas políticas”, disse.
Segundo contou, a economia global está amistosa com o Brasil. “O mundo está ajudando. Depois da grande crise financeira de 2008-2009, houve um processo de recuperação e, já a algum tempo, temos uma média de crescimento na faixa de 3,5% ao ano – o que é bom para a economia mundial. Isso significa que nós temos mercados para exportação dos produtos brasileiros e capitais disponíveis para investimento no Brasil”.
“Além disso, a vizinhança está indo melhor”, disse o especialista, que explicou que, tirante a Argentina, os principais países da América Latina apresentam uma situação bastante confortável. “Peru, Colômbia, México e Chile estão crescendo, com inflação baixa e taxas de juros, também, baixas. O Brasil ficou descolado da realidade internacional”.
MATRIZ ECONÔMICA
Para Sardenberg, o período de recuo iniciado em 2014 que se estendeu até o final de 2016: “foi a pior recessão da história moderna do País”. Ele explicou que a retratação se deu por conta da chamada matriz econômica, que foi o conjunto de medidas tomadas no governo da presidente Dilma.
“A crise em que o Brasil mergulhou foi gerada internamente e por erros de política econômica da tal da matriz econômica, que basicamente trazia a ideia de que o aumento do gasto, financiamento e crédito público resultaria num crescimento exponencial. Mas, o que acabou acontecendo, na verdade, é que o setor público ficou deficitário, a dívida aumentou e o País não cresceu”, explicou.
“É um desastre que pode ir para os livros de economia”, pontuou o jornalista.
Por conta da intervenção do governo, que interferiu no controle dos preços básicos da economia, como por exemplo: os preços da energia, a inflação subiu e os juros, por sua vez, também, tiveram que subir.
RECUPERAÇÃO
A situação mudou, segundo Sardenberg, depois do Impeachment de Dilma. “Não foi por acaso que houve uma radical mudança de política econômica, a começar pela política do Banco Central, que com mais credibilidade, passou a reduzir a taxa de juros de uma maneira consistente”, falou.
“Hoje, você tem uma situação totalmente diferente em que há queda da inflação e taxa de juros acompanhando a queda. É uma política claramente consistente e adequada”, afirmou o jornalista, que previu: “a inflação é um problema resolvido, no Brasil, para os próximos anos. Nós vamos ter inflação baixa neste ano, no ano que vem e no outro ano provavelmente. Isso significa que a taxa de juros vai cair mais ainda. Isso é o principal fato a estimular a volta do crescimento”.
Para a recuperação do País, o jornalista afirmou ser necessária, ainda, a tomada de outas medidas. Duas delas que dizem respeito às reformas do teto de gastos e trabalhista já foram tomadas. Mas, um programa de concessões e privatizações seria, na visão do jornalista, fundamental para essa retomada do crescimento.
“As privatizações trariam três coisas boas. A primeira delas é fazer caixa, juntar dinheiro. A segunda é que ela retira dos partidos políticos o instrumento de poder e de fazer finanças e corrupção. E a terceira é trazer eficiência e produtividade para a economia, pois você importa empresas e importa capitais, que trazem novidades”, defendeu.
ELEIÇÕES
Sobre as Eleições de 2018, Sardenberg disse que o País precisa de um governo eleito com uma “agenda clara”. “O governo (Michel) Temer começou com uma agenda clara, o problema é que não tem força política mais. Precisamos de um governo eleito com uma agenda que se sustente, forte, e nós já estamos em agosto. Daqui a pouco já tem clima eleitoral”, frisou. Apesar de já se falar no pleito, ainda é muito cedo para haver definições, conforme ressaltou.
“Você tem conhecidos, mas estamos muito longe da Eleição. O que muita gente olha com atenção é o que houve na França. O (Emannuel) Macron não tinha sido eleito nem vereador, fez um movimento extrapartidário e ganhou com uma agenda clara”, disse. Sobre novos nomes surgirem para a disputa, o jornalista citou que Fernando Henrique Cardoso (presidente entre 1995 e 2002) era um nome improvável à Presidência. “Se dissesse, em 1993, que ele estabilizaria a moeda e seria eleito por oito anos ninguém acreditava. O que sabemos é que o velho morreu e o País está procurando quem é o novo”, concluiu.
FICHA TÉCNICA
11º Congresso Empresarial da Acipi
Datas: 21, 22, 23 de agosto
Horário: 19h30
Local: Teatro Unimep
Realização: Acipi
Patrocínio: Drogal, Sicoob Cocre, Unimed e Uniodonto
Apoio: EPTV, Gazeta de Piracicaba, Jornal de Piracicaba, Monte Alegre Agência de Turismo e Universidade Metodista de Piracicaba