A pandemia mundial do novo Coronavírus, chamado de Covid-19, criou a necessidade de isolamento social, a paralisação das atividades empresariais em diversos setores e à mudança da forma de fazer comércio, de uma série de outras atividades, devido o atendimento ao público ficar restringido presencialmente.

Se por um lado, tais medidas de isolamento evitaram um desastre maior do ponto de vista da vida humana – sim, maior, pois desastre já existe, afinal o vírus ceifou a vida de pelo menos 130 mil brasileiros –, elas também provocaram forte impacto na economia das empresas, fato que só não foi pior em razão da rapidez com que o empresário, aquele que podia, evidentemente, se adaptou à nova situação.

Essa adaptação do empreendedor se deu por meio da ampliação, em alguns casos, e da implementação em vários outros, do serviço de entrega em domicílio que, no Brasil, apesar de se falar a língua portuguesa, se popularizou pelo nome de língua inglesa: o delivery. Outra inovação se deu pelo chamado serviço drive-thru (retirada da mercadoria no ponto de venda).

Isso fez o número de entregas delivery crescer exponencialmente dando a muitos desempregados uma nova oportunidade e, aos motoboys, uma importância extra em sua atividade profissional. Não fossem eles, a crise econômica, posso assegurar pelos meus anos de experiência empresarial, teria atingido de modo muito mais forte vários setores de nossa atividade comercial.

Eu sei, e todos que dirigem seus veículos em nossas vias, e aí falo de modo amplo, ou seja, não apenas nas ruas e avenidas de Sorocaba, mas de todo o Brasil de uma maneira em geral, que a maneira agressiva de pilotar de vários motoboys rendeu a eles próprios um sentimento negativo da população. Todos gostam das entregas que eles fazem, mas não gostam desse “modo louco” com que avançam entre os carros e do barulho exagerado daqueles que insistem em utilizar a moto com escapamento aberto.

Pois venho aqui pedir paciência e tolerância ao motorista, ao cidadão que está dentro do seu veículo em nosso trânsito, para com os entregadores. Quanto ao barulho provocado pelo escapamento aberto, descobri que eles assim fazem por uma questão de segurança, ou seja, o barulho faz com que o motorista perceba a presença dele na via, uma vez que o ponto cego dos veículos nem sempre permite que eles sejam vistos por quem está dentro de um carro.

Quanto ao modo acelerado de conduzirem suas motos, isso é provocado pela maneira como são remunerados, ou seja, se perderem tempo, não conseguem formar o salário mensal, sempre abaixo, em média, de R$ 2 mil. Em tempos de tecnologia, os entregadores chegam a trabalhar 14 horas por dia, apressados pelo robôs dos aplicativos.

Se você, caro leitor, pensou: então ele que não seja entregador, eu já lhe respondo: nos dias de hoje, onde já são mais de 13 milhões de desempregados no Brasil, não há opção de emprego. Quem esteve com carteira assinada, ao se ver um, dois meses sem conseguir uma recolocação na área tenta, de cara, ser motorista de aplicativo. A segunda opção é a de entregador.

Por isso, aqui, venho pedir a você que está no conforto do seu carro, que está com a sua vida organizada, que vê seu planejamento financeiro funcionando, tenha paciência e compreensão com o motoboy. Que você se lembre do bem que ele te faz e está, nesta época de pandemia, muito além da pizza que você pedia aos sábados e domingos à noite. Eles lutam por sua sobrevivência econômica e também da saúde financeira de muitas pequenas e médias empresas, nestes tempos tão diferentes e difíceis pelo qual estamos passando.

Por isso, digo: Obrigado, motoboy!

Sobre a Associação

A Associação Comercial de Sorocaba, entidade de classe sem fins lucrativos, foi fundada em 20 de janeiro de 1922 e tem o objetivo de defender os interesses do comércio local, além de representar seus associados em prol do desenvolvimento da cidade. O quadro associativo da entidade reúne empresários de todos os setores da economia.

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