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Phygital e capital humano são as apostas para a perpetuidade do varejo no pós-pandemia

Notícias 05 de outubro de 2022

Os temas foram abordados durante o 10ª Retail Conference, realizado na terça-feira, 4, pela Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC). O objetivo do evento, ocorrido na Expo D. Pedro, é nortear os varejistas acerca das principais tendências internacionais para o setor e fomentar as vendas, mantendo os empregos. Na Região Metropolitana de Campinas, o comércio deve movimentar R$ 707,8 milhões somente no último trimestre deste ano

O comércio da Região Metropolitana de Campinas deve movimentar R$ 707,8 milhões – o equivalente a 6,80% – a mais no último trimestre de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021. O valor do faturamento este ano está previsto em R$ 11,12 bilhões, versus os R$ 10,41 bilhões registrados em 2021. O Dia das Crianças, a Copa do Mundo, a Black Friday e o Natal serão responsáveis pelo desempenho do setor. As projeções foram apresentadas na décima edição do Retail Conference, ocorrida no último dia 4 de outubro, na Expo D. Pedro. O evento, sob o tema “Adaptabilidade: o motor para a transformação do varejo", foi realizado pela Associação Comercial e Industrial de Campinas com a presença de mais de duas mil pessoas e serviu como uma injeção de ânimo para o comércio varejista da Região Metropolitana de Campinas. 

A programação do dia foi dividida em três painéis: “As pessoas do varejo”, “As atuais e futuras tendências de varejo” e “Tecnologia remodelando o varejo”. Durante seis horas, o público presenciou nove palestras, dois debates e pôde participar de uma das três rodadas de networking – das quais participaram cerca de 100 pessoas – e, ainda, teve experiências interativas com tecnologias inovadoras, proporcionadas por meio de ativações de marcas. 

Uma delas foi a automação de atendimento presencial com uso da robótica e de inteligência artificial apresentado pela ActivaID. Batizado de Annie, o robô circulou pelo espaço, fazendo as vezes de anfitrião. Ele navega sem bater nas pessoas e interage ao detectar alguém, responde e dá informações e entende mais de 100 idiomas. O robô é autônomo e personalizável e coleta dados por voz, touch ou digitação. Outra tecnologia que o público teve a oportunidade de experimentar foi a realidade aumentada, proporcionada pela Atmosfera Tech. Os presentes apontavam o celular para um QR Code e um personagem aparecia transmitindo informações sobre um evento cultural. Um braço robótico também chamou a atenção dos presentes. Durante o happy hour de encerramento da conferência, a tecnologia apresentada pela Choppbot foi responsável por tirar chopes e servi-los ao público. 

A presidente da ACIC, Adriana Flosi, abriu o evento, que retornou ao formato presencial após dois anos no online, e explicou que os recursos podem ser grandes aliados nos negócios de varejo, uma vez que podem ser programados para executar diferentes funções, auxiliando as equipes de vendas e, ao mesmo tempo, proporcionando experiências inusitadas aos consumidores. “A partir dos temas abordados, a principal lição desta décima edição do Retail Conference foi a de que a cultura phygital (fusão do físico e do digital) veio para ficar e que, em contrapartida ao surgimento das novas tecnologias, as competências e habilidades humanas serão cada vez mais valorizadas”, enfatizou Adriana Flosi que é, também, secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação.  

O prefeito de Campinas, Dário Saadi, compareceu à conferência e agradeceu à ACIC, bem como ao setor produtivo, pela parceria que contribuiu para que Campinas saísse fortalecida da crise gerada pela pandemia, a qual afetou a saúde, o comércio e a economia da cidade. O prefeito lembrou do Plano de Ativação Econômica e Social (PAES), com mais de 20 ações que conseguiram tornar o município mais atrativo e competitivo, gerando empregos e renda, sendo uma delas, o Programa RECOMEÇA que proporciona crédito para Microempreendedor Individual (MEI), Microempresa (ME) e Empresa de Pequeno Porte (EPP).

O 10º Retail Conference foi a oportunidade também para a ACIC lançar o seu aplicativo. O app conta com um guia comercial das principais empresas da região e, por meio dele, os usuários terão acesso a eventos e ações da Associação. “O nosso objetivo é apoiar o desenvolvimento do comércio e do varejo e temos a certeza de que o recurso será de grande contribuição para impulsionar os setores econômicos da RMC”, disse Adriana Flosi. Durante o evento, ao escanear o QR code na pulseira do acesso, os presentes puderam baixar o app e interagir com os palestrantes e participar de sorteios, entre outros.

Conteúdos

Bruno Bragancini, diretor-presidente do Enxuto, abriu a programação do painel “Liderança em ação no varejo” e falou sobre o novo panorama do mercado, muito mais competitivo e detalhou algumas estratégias da marca, como a omnicanalidade e o emprego da tecnologia como facilitadora nas lojas físicas. Sua missão, segundo ele, é respaldar a experiência do cliente, garantindo menos filas e mais agilidade no atendimento, ou seja, reduzindo o atrito entre o comprador e a operação. Nesse novo cenário, segundo ele, a automatização substitui tarefas manuais e repetitivas, nos locais de trabalho, só que o trabalho, em si, se tornará cada vez mais humano, não menos. As soft skills (habilidades e competências relacionadas ao comportamento humano) são cada vez mais valorizadas. Já para os atuais líderes, as tendências do varejo exigem empatia, tendo o cliente no centro, sempre, flexibilidade, capacidade de adaptação, inovação, olhar voltado à inclusão, disciplina de execução e agilidade.

Andrea Ramos, CEO da DisrupTiva, foi a terceira a palestrar. Ela, que também é embaixadora XP e palestrante da TEDx, reforçou os conceitos de ESG (governança ambiental, social e corporativa) e DEI (diversidade, equidade e inclusão) como realidades essenciais para quaisquer negócios. Segundo Andrea, até 2025, espera-se que o ESG movimente US$ 53 trilhões no mercado global. A palestrante ressaltou a Agenda 2023 da ONU e os 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentável para atingi-la no Brasil, como a erradicação da pobreza, fome zero e agricultura sustentável, saúde e bem-estar, educação de qualidade, igualdade de gênero e outros.

Na sequência, Nelson Cury, sócio-proprietário da Cedar Tree Family Business Advisors e da Consilium Family Office Advisor, abordou um tema bastante recorrente nos negócios de varejo, a sucessão familiar. Cury explicou que, em alguns países, as empresas familiares representam cerca de 90% do PIB e detalhou os cinco Cs que precisam ser dominados nos negócios desta categoria: conflito, comunicação, controle, conexão e capacitação. Para ele, manter a conexão dos membros familiares em tempos de crise, bem como promover a capacitação e a educação dos membros familiares são estratégias de vital importância para a perenidade dos negócios familiares.

O painel “As atuais e futuras tendências de varejo” teve início com Marcos Coque, diretor de Analytics na Boa Vista Serviços, que trouxe a questão da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e elencou algumas das principais aplicações da Ciência de Dados para os negócios de varejo: classificações (dado atributos, define em que grupo está), análise de cancelamento, sistema de recomendação, desenvolvimento e oferta personalizada de produtos, previsão de demanda e falhas, detecção de fraude em um ambiente digital, e simulação de análise financeira de projetos. Para ele, uma das maiores dificuldades das empresas é o desconhecimento do que é a Ciência de Dados, o que exige trabalho e mudança cultural.

Com mediação de Carolina Tanaka, CEO da Weme, o debate sobre conflito de gerações no mercado atual encerrou a programação do período da manhã. Ao lado de Carolina, Guilherme Lippert, co-fundador e gerente de Contas Estratégicas na V4 Company, Luiz Felipe Massad, diretor de Recursos Humanos na Omie e Ubirajara Pasquotto, diretor-presidente na Cybelar trouxeram diferentes gerações para a discussão e explanaram sobre de que maneira esse conflito vem sendo tratado no varejo, bem como os seus impactos nos resultados das empresas, e trouxeram uma luz sobre qual deve ser o posicionamento das organizações em relação a esse tema.

Já no período da tarde, Ivan de Souza, editor-chefe da Rock Content e CEO da agência Henshin abriu a programação e discorreu sobre como criar uma estratégia de marketing de conteúdo digital, recurso que está ganhando espaço no mercado do varejo por proporcionar resultados positivos. O especialista explicou como criar uma buyer persona, como montar um funil de vendas (ou jornada de compra), como escolher os canais digitais mais adequados a cada negócio, sobre a importância das palavras-chaves, do conceito de social selling (venda pelas redes sociais) e citou exemplos de varejistas que adotam o marketing de conteúdo, caso do Magazine Luiza, Le Biscuit e Assaí, entre outras.

Mauro Friedrich, diretor de Logística na Arezzo & CO, foi o segundo a se apresentar e contou as principais estratégias da marca, líder no setor de calçados, bolsas e acessórios femininos no brasil, com atuação no exterior para contar com um processo logístico veloz e indispensável para os negócios do setor. Entre elas estão a redução da ruptura em loja, o aumento da eficiência operacional, o “casamento” da demanda com o estoque, a integração dos canais,  a otimização de custos, e a imputação de velocidade em todas operações, por exemplo.

Brunno Carone, co-fundador da  Arte de Atender e gerente de customer experience (experiência do cliente) sênior da Nubank compartilhou o seu conhecimento sobre personalização como fator que gera valor agregado aos negócios. Segundo ele, para atingir essa personalização, é preciso consistência, porque as pessoas julgam e lembram de suas experiências baseados em apenas dois pontos - a melhor (e/ou pior) emoção e a experiência mais recente. Além disso, há a questão da gestão de pessoas e é importante realizar treinamentos nos pontos fracos observados, manter uma liderança dando suporte e orientação e gerar uma cultura de aceleração de adaptação e de identificação de cultura e escopo na empresa. 

O painel “Tecnologia remodelando o varejo” ocorreu na sequência, com a palestra “O varejo otimizado através do digital”, apresentada por Felipe Dellacqua, vice-presidente de Commerce e sócio na Adventures. Dellacqua falou, entre outras questões relevantes, sobre a tendências de as marcas adotarem vendedoras como influenciadoras digitais de grande porte, embaixadoras da marca e criadoras de conteúdo. A média de vendedoras e influenciadoras da Farm, por exemplo, é de mais 10k de seguidores. O especialista também lembrou que 55% das vendas online da marca são realizadas com cupom de vendedora. Para ele, a estratégia funciona para além da geração Millenium, tanto que até a Jaguar já a adota. De acordo com Dellacqua esta é a equação perfeita do varejo pós-pandemia porque todos saem ganhando, a loja, o vendedor e o cliente.

O debate “Como aliar a experiência do cliente com soluções digitais” veio a seguir, com moderação de Tatiana Veiga, consultora e mentora de pequenas e médias empresas. Os debatedores Renata Mello, diretora executiva com foco em Digital e Inovação na CI&T, Luiz Piovesana, diretor de Marketing na NuvemShop, Elói Prado, diretor executivo para Varejo e Distribuição na TOTVS e Michel Jasper, fundador da Web Jasper e Top Voice LinkedIn 2020 trouxeram insights acerca das principais tecnologias à disposição do varejo e que podem ajudar os empresários do setor, em especial os pequenos e médios, a potencializar os resultados e a experiência do cliente.

Para encerrar a programação do evento, o vice-presidente de Marketing na Arcos Dourados Brasil (MCDonald´s), João Branco narrou a sua trajetória, a qual inspirou o livro best-seller “Dê propósito”. Um dos dez melhores profissionais de marketing do Brasil, segundo a Forbes, João Branco lidera o time que foi responsável por fazer o McDonald`s virar Méqui e deu uma aula sobre como colocar a intenção certa no trabalho, preencher a rotina de satisfação e significado, desmitificando o conceito de que trabalhar é um mal necessário. Para ele, o segredo para uma pessoa equilibrar trabalho e propósito de vida é, primeiramente, entender que outros precisam dos seus talentos, independente da sua área de atuação e, a partir daí, viver uma vida com significado, seja nas horas vagas ou nas horas pagas. 

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