O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, analisou os impactos do tarifaço americano na economia brasileira durante palestra no Conselho Político e Social da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), nesta segunda-feira (11).
Segundo ele, o BC já havia mapeado, no início do ano, a probabilidade da medida e seus efeitos globais. Apesar dos riscos, Galípolo avalia que o impacto sobre o Brasil deve ser menor devido "a nossa diversificação e a menor correlação com a economia norte-americana" - característica antes vista como desvantagem, mas que agora funciona como proteção. Países mais dependentes do mercado americano, como México e Vietnã, tendem a ser mais afetados.
Galípolo destacou dois efeitos principais. No curto prazo, a medida pode ampliar a oferta interna de produtos e conter preços, mas também traz risco de repasse cambial à inflação. Já no médio e longo prazo, pode desacelerar a economia, afetar setores específicos e gerar perda de empregos.
Isso poderia abrir espaço para uma redução gradual da Selic, embora o BC descarte mudanças bruscas e siga monitorando sinais para garantir a convergência da inflação à meta.
PIX
Galípolo ressaltou a importância do Pix como ferramenta essencial para a economia. Defendeu que o sistema siga gratuito e público para evitar conflitos de interesse e ampliar a participação de diversos agentes.
Ele lembrou que já estão em operação o Pix por aproximação e o Pix automático, e adiantou que o Pix parcelado está em fase experimental, com regulamentação prevista para os próximos meses.
Para 2026, será implementado o Pix de garantia, que permitirá ao credor avaliar a receita mensal do pagador por meio da chave Pix e usá-la como garantia de financiamentos.
JUROS
Sobre política monetária, Galípolo afirmou que os juros reais brasileiros estão entre os mais altos do mundo, resultado de um problema estrutural. Ressaltou que o BC deve reduzir gradualmente a “dose de remédio”, sem perder o controle da inflação, o que exige disciplina fiscal e tributária.
Frisou que gastos públicos elevados demandam arrecadações recordes, perpetuando um ciclo iniciado na pandemia e que mantém a economia aquecida, exigindo juros em patamares contracionistas.
A palestra de Galípolo contou com a participação de diversas autoridades, entre elas: presidente da CACB e da Facesp, Alfredo Cotait Neto; secretários estaduais Guilherme Afif Domingos (Projetos Estratégicos) e Gilberto Kassab (Governo e Relações Institucionais); conselheiro da Facesp, Rogerio Amato; presidente da ACSP São Paulo, Roberto Mateus Ordine; coordenador do Cops, Senador Heráclito Fortes; e presidente do CMEC, Ana Claudia Badra Cotait.
Fontes: ACSP São Paulo / Agência DC News / Diário do Comércio | Fotos: Cesar Bruneli - ACSP São Paulo