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Em palestra na ACSP, secretário estadual da Saúde diz que ninguém o convence a fazer mais hospitais em SP

Notícias 31 de agosto de 2016

“Hospital funciona assim: maravilhoso, você faz um grande investimento e, no dia seguinte, você paga a conta. E o custeio representa um hospital por ano. Então, não dá para assumir mais obrigações, tanto de investimentos quanto de custeio”, explicou David Uip  

São Paulo, 31 de agosto de 2016. O secretário estadual da Saúde, David Uip, declarou hoje que não há quem o convença a construir mais hospitais no Estado de São Paulo. A afirmação foi feita durante palestra no Conselho de Empresas do Setor de Saúde (CESS) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). “Não tem quem vai conseguir me convencer a construir mais hospitais no Estado de São Paulo. Hospital funciona assim: maravilhoso, você faz um grande investimento e, no dia seguinte, você paga a conta. E o custeio representa um hospital por ano. Então, não dá para assumir mais obrigações, tanto de investimentos quanto de custeio”.  

Ele explicou, por exemplo, que os leitos da rede pública estadual - sobretudo os administrados pelas Santas Casas e hospitais filantrópicos do interior - têm uma média de ocupação de 18%, sendo “muito mal aproveitados”. Isso ocorre, segundo Uip, porque esses hospitais evitam internar pacientes para não se endividarem, uma vez que o repasse que recebem pela internação não cobre todos os custos.

Na avaliação do coordenador do Conselho de Empresas do Setor de Saúde da ACSP, Dimitrie Josif Gheorghiu, a saúde pública precisa se reinventar para enfrentar problemas como esse e atender mais adequadamente às novas demandas. “Temos uma necessidade de saúde do século 21 e temos um modelo social de saúde do século 20. O nosso desenho ainda é assistencialista, reativo, focado na visão uniprofissional. Precisamos modificar isso. Esse é um dos objetivos do nosso conselho”.  

Grandes problemas da saúde

Embora tenha afirmado que a saúde seja prioridade do atual governo paulista, Uip reconheceu que falta dinheiro na área. Revelou, por exemplo, que o endividamento mensal da pasta é de R$ 136,1 milhões. A falta de dinheiro, aliás, é um dos quatro grandes problemas enfrentados hoje pela saúde no entendimento do secretário. Além do subfinanciamento, ele apontou a má qualidade dos gestores públicos, o desperdício e o roubo de materiais, além da alta judicialização.

Sobre a má qualidade da gestão, ele fez críticas à municipalização da saúde, que, embora tenha trazido benefícios para toda a população, também trouxe empecilhos. “A municipalização trouxe um grande avanço, mas hoje, no quesito saúde, penaliza os municípios; 70% dos 645 municípios de São Paulo têm menos de 30 mil habitantes. Então você elege um prefeito, que põe um secretário normalmente sem formação para o cargo, e você coloca o dinheiro e não sabe o que fazer com o dinheiro. A primeira coisa que ele quer fazer é um hospital. Isso não tem sentido! Esses hospitais em cidades com menos de 20 mil habitantes nem deveriam existir. Você não tem escala para isso”.

Uip também criticou a falta de continuidade no Ministério da Saúde. “Eu tenho três anos como secretário e vou para meu sexto ministro. Como é que você tem interlocução? É impraticável. O ministro não se apropria dos dados num período menor do que seis meses, para entender como funciona. Mas quando ele está se apropriando, mudam o ministro”.

Em relação a desperdício e roubo na saúde, Uip observou que é um mal que atinge a área de ponta a ponta, passando pelos insumos, pela construção de imóveis e pelo desvio de remédios. “Todo mundo está vendo o que está acontecendo aí com a máfia de próteses, com a máfia dos medicamentos. É uma loucura”.

Ele ressaltou ainda que está realizando diversas auditorias, mas que se trata de um problema de difícil enfrentamento, pois envolve “organizações muito bem estabelecidas”.

Por fim, o chefe da pasta estadual da saúde fez duras críticas às decisões judiciais que obrigam a Secretaria a comprar medicamentos e arcar com os custos de procedimentos cirúrgicos. Segundo ele, essa judicialização é um “desastre” que custará, somente em 2016, R$ 1,2 bilhão aos cofres públicos.

Há, de acordo com o secretário, muita judicialização de má fé, que coloca o estado em situações delicadas. Em muitos casos, relatou Uip, os juízes determinam que a secretaria compre remédios não aprovados pela Anvisa. “Se eu importo, estou contrabandeando. Se eu não cedo o medicamento, sou preso”. Segundo os números apresentados por ele, apenas no ano passado foram 18.045 novas ações contra a secretaria, sendo que o secretário responde individualmente em 250 ações.

 

Mais informações:
Renato Santana de Jesus
Assessoria de Imprensa
rjesus@acsp.com.br
(11) 3180-3220 / (11) 97497-0287 

 

Sobre a ACSP: A Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em seus 121 anos de história, é considerada a voz do empreendedor paulistano. A instituição atua diretamente na defesa da livre iniciativa e, ao longo de sua trajetória, esteve sempre ao lado da pequena e média empresa e dos profissionais liberais, contribuindo para o desenvolvimento do comércio, da indústria e da prestação de serviços. Além do seu prédio central, a ACSP dispõe de 15 Sedes Distritais, que mantêm os associados informados sobre assuntos do seu interesse, promovem palestras e buscam soluções para os problemas de cada região.

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